The Water of Life/pt

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{{MasterHeader |author= Edgar Andrews |partnerurl= http://www.editorafiel.com.br |partner= Editora Fiel |date= |other= |categorytopic= Spiritual Life |mediatype= Article |lang= Portuguese |editor= n/a |translator=Editora Fiel n/a |levels= 1 |reviewed=Not Reviewed |newtitle=A Água da Vida}}
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{{info|A Água da Vida}}''Preletor na 7ª Conferência Fiel em Portugal - 2007<br>''
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Edgar Andrews<br>''Preletor na 7ª Conferência Fiel em Portugal - 2007<br>''
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Muitas igrejas reformadas sofrem uma grave sequidão espiritual. No cenário atual, comparado com o de cinqüenta anos atrás, há poucas conversões a Cristo, pouca evidência de piedade pessoal e falta de entusiasmo por missões e evangelismo. O compromisso com Cristo e sua igreja está em baixa. O que podemos fazer?
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Muitas igrejas reformadas sofrem uma grave sequidão espiritual.<br>No cenário atual, comparado com o de cinqüenta anos atrás, há poucas<br>conversões a Cristo, pouca evidência de piedade pessoal e falta de<br>entusiasmo por missões e evangelismo. O compromisso com Cristo e sua igreja está em baixa. O que podemos fazer?
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Ao considerar o papel do Espírito Santo na evangelização, surgem três perguntas: 1) Precisamos do Espírito Santo na evangelização? 2) Devemos mencioná-Lo em nosso evangelismo? 3) Quais as atividades dEle na evangelização? A principal resposta à primeira destas perguntas encontra-se no começo da era evangélica. João Batista declarou: “Aquele, porém, que me enviou a batizar com água me disse: Aquele sobre quem vires descer e pousar o Espírito, esse é o que batiza com o Espírito Santo” (Jo 1.33; ver também Lc 3.16). Há duas verdades distintas aqui. Primeira, o próprio Cristo foi capacitado pelo Espírito Santo em sua proclamação do evangelho. Como Jesus descreveu o seu ministério público? Citando Isaías 61.1-2: “O Espírito do SENHOR Deus está sobre mim, porque o SENHOR me ungiu para pregar boas-novas aos quebrantados...”
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Ao considerar o papel do Espírito Santo na evangelização, surgem<br>três perguntas: 1) Precisamos do Espírito Santo na evangelização? 2)<br>Devemos mencioná-Lo em nosso evangelismo? 3) Quais as atividades<br>dEle na evangelização? A principal resposta à primeira<br>destas perguntas encontra-se no começo da era evangélica. João<br>Batista declarou: “Aquele, porém, que me enviou a batizar com água me<br>disse: Aquele sobre quem vires descer e pousar o Espírito, esse é o que<br>batiza com o Espírito Santo” (Jo 1.33; ver também Lc 3.16).<br>Há duas verdades distintas aqui. Primeira, o próprio Cristo foi capacitado<br>pelo Espírito Santo em sua proclamação do evangelho. Como<br>Jesus descreveu o seu ministério público? Citando Isaías 61.1-2: “O<br>Espírito do SENHOR Deus está sobre mim, porque o SENHOR me ungiu para<br>pregar boas-novas aos quebrantados...”
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'''CUMPRINDO A PROMESSA'''
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'''CUMPRINDO A PROMESSA'''
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Por sua vez, os discípulos foram proibidos de pregar, até que recebessem a unção do Espírito (At 1.4-5). Paulo recordou aos crentes de Tessalônica: “O nosso evangelho não chegou até vós tão-somente em palavra, mas, sobretudo, em poder, no Espírito Santo e em plena convicção” (1 Ts 1.5). Pedro resumiu o assunto quando se referiu àqueles “''que, pelo Espírito Santo enviado do céu'', vos pregaram o evangelho” (1 Pe 1.12). No Novo Testamento, esta é a única maneira pela qual o evangelho pode ser verdadeiramente pregado.
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Por sua vez, os discípulos foram proibidos de pregar, até que<br>recebessem a unção do Espírito (At 1.4-5). Paulo recordou aos crentes<br>de Tessalônica: “O nosso evangelho não chegou até vós tão-somente em<br>palavra, mas, sobretudo, em poder, no Espírito Santo e em plena convicção”<br>(1 Ts 1.5). Pedro resumiu o assunto quando se referiu àqueles<br>“''que, pelo Espírito Santo enviado do céu'', vos pregaram o evangelho” (1<br>Pe 1.12). No Novo Testamento, esta é a única maneira pela qual o evangelho<br>pode ser verdadeiramente pregado.
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A segunda verdade é que João Batista ''define'' o ministério de Cristo como a outorga do Espírito Santo sobre o seu povo. As palavras do apóstolo João não são apenas uma predição referente ao Dia de Pentecostes, são também uma afirmação poderosa sobre a missão de Cristo — “Cristo nos resgatou da maldição da lei... para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios, em Jesus Cristo, ''a fim de que recebêssemos'', pela fé, ''o Espírito prometido''” (Gl 3.13-14, ênfase acrescentada). Não podemos evangelizar sem o pleno envolvimento do Espírito Santo em cada etapa.  
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A segunda verdade é que João Batista ''define'' o ministério de Cristo<br>como a outorga do Espírito Santo sobre o seu povo. As palavras do<br>apóstolo João não são apenas uma predição referente ao Dia de Pentecostes,<br>são também uma afirmação poderosa sobre a missão de Cristo<br>— “Cristo nos resgatou da maldição da lei... para que a bênção de Abraão<br>chegasse aos gentios, em Jesus Cristo, ''a fim de que recebêssemos'', pela<br>fé, ''o Espírito prometido''” (Gl 3.13-14, ênfase acrescentada).<br>Não podemos evangelizar sem o pleno envolvimento do Espírito<br>Santo em cada etapa.
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'''FALANDO SOBRE O ESPÍRITO SANTO'''<br>Nossa segunda pergunta é muito interessante. Devemos ''mencionar'' o Espírito Santo em nosso evangelismo? Reconhecendo que o Espírito Santo é o cerne de todo evangelismo verdadeiro, devemos fazer menção dEle quando nos dirigimos aos nãosalvos? Os incrédulos precisam ouvir sobre o Espírito Santo como parte integral da pregação do evangelho? O Novo Testamento responde “sim”. Quando Jesus se envolveu no evangelismo prático, Ele não hesitou em falar ''claramente'' sobre o Espírito Santo. Jesus disse a Nicodemos que ele tinha de “nascer... do Espírito” e ofereceu “a água viva” do Espírito Santo à mulher samaritana, no poço de Jacó, bem como às multidões reunidas na Festa dos Tabernáculos (Jo 3.5-7; 4.10; 7.37-39). Com a mesma clareza, Pedro se referiu ao Espírito Santo no Dia de Pentecostes. “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, ''e recebereis o dom do Espírito Santo''” (At 2.38, ênfase acrescentada). E essa não foi uma “oferta limitada” que marcou o início da Nova Aliança, visto que Pedro continuou: “Para vós outros é a promessa [do Espírito], para vossos filhos e para todos os que ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor, nosso Deus, chamar”. Décadas mais tarde, Paulo expressou o interesse de que os discípulos de Éfeso entendessem que uma posse consciente do Espírito Santo é necessária, para alguém desfrutar a segurança de salvação (At 19.1-6). O Novo Testamento apresenta o Espírito Santo como Aquele que dá o poder pelo qual o evangelho tem de ser pregado e como a essência do dom do evangelho. Freqüentemente, reconhecemos a primeira dessas verdades, mas raramente apreciamos a segunda.  
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'''FALANDO SOBRE O ESPÍRITO SANTO'''<br>Nossa segunda pergunta é muito interessante. Devemos ''mencionar''<br>o Espírito Santo em nosso evangelismo? Reconhecendo que o Espírito<br>Santo é o cerne de todo evangelismo verdadeiro, devemos fazer menção<br>dEle quando nos dirigimos aos nãosalvos? Os incrédulos precisam ouvir<br>sobre o Espírito Santo como parte integral da pregação do evangelho?<br>O Novo Testamento responde “sim”. Quando Jesus se envolveu no<br>evangelismo prático, Ele não hesitou em falar ''claramente'' sobre o Espírito<br>Santo. Jesus disse a Nicodemos que ele tinha de “nascer... do Espírito” e<br>ofereceu “a água viva” do Espírito Santo à mulher samaritana, no poço<br>de Jacó, bem como às multidões reunidas na Festa dos Tabernáculos<br>(Jo 3.5-7; 4.10; 7.37-39). Com a mesma clareza, Pedro se<br>referiu ao Espírito Santo no Dia de Pentecostes. “Arrependei-vos, e cada<br>um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos<br>vossos pecados, ''e recebereis o dom do Espírito Santo''” (At 2.38, ênfase<br>acrescentada). E essa não foi uma “oferta limitada” que marcou o início<br>da Nova Aliança, visto que Pedro continuou: “Para vós outros é a<br>promessa [do Espírito], para vossos filhos e para todos os que ainda estão<br>longe, isto é, para quantos o Senhor, nosso Deus, chamar”.<br>Décadas mais tarde, Paulo expressou o interesse de que os discípulos<br>de Éfeso entendessem que uma posse consciente do Espírito Santo<br>é necessária, para alguém desfrutar a segurança de salvação (At 19.1-6).<br>O Novo Testamento apresenta o Espírito Santo como Aquele que dá<br>o poder pelo qual o evangelho tem de ser pregado e como a essência do<br>dom do evangelho. Freqüentemente, reconhecemos a primeira dessas<br>verdades, mas raramente apreciamos a segunda.
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'''ESPERANDO NA OBRA DO ESPÍRITO'''  
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'''ESPERANDO NA OBRA DO ESPÍRITO'''
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Nossa pergunta final é: “Quais as atividades dEle no evangelismo?” Nossa resposta é importante porque afeta profundamente nossas expectativas, quando pregamos o evangelho de Cristo. As obras do Espírito no evangelismo são três. Primeira, conforme já vimos, é dar poder à pregação do evangelho. Paulo testificou: “A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasive de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder” (1 Co 2.4). A segunda operação é convencer aqueles que estão mortos em delitos e pecados — convencê-los de que são responsáveis por seus próprios pecados, diante de Deus. O Senhor Jesus prometeu: “Quando ele [o Espírito] vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo: do pecado, porque não crêem em mim; da justiça, porque vou para o Pai, e não me vereis mais; do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado” (Jo 16.8-11).
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Nossa pergunta final é: “Quais as atividades dEle no evangelismo?”<br>Nossa resposta é importante porque afeta profundamente nossas expectativas,<br>quando pregamos o evangelho de Cristo. As obras do Espírito no evangelismo<br>são três. Primeira, conforme já vimos, é dar poder à pregação<br>do evangelho. Paulo testificou: “A minha palavra e a minha pregação não<br>consistiram em linguagem persuasive de sabedoria, mas em demonstração<br>do Espírito e de poder” (1 Co 2.4).<br>A segunda operação é convencer aqueles que estão mortos em delitos<br>e pecados convencê-los de que são responsáveis por seus próprios pecados,<br>diante de Deus. O Senhor Jesus prometeu: “Quando ele [o Espírito] vier,<br>convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo: do pecado,<br>porque não crêem em mim; da justiça, porque vou para o Pai, e não<br>me vereis mais; do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado”<br>(Jo 16.8-11).
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Sem entrar nos detalhes desta passagem, é claro que mentes cegas por Satanás (2 Co 4.4) não serão abertas pela persuasão ou pelo raciocínio humano. Uma obra spiritual de convicção é necessária um abrir do coração para o evangelho. E somente Deus, o Espírito Santo, pode realizar essa obra.  
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Sem entrar nos detalhes desta passagem, é claro que mentes cegas<br>por Satanás (2 Co 4.4) não serão abertas pela persuasão ou pelo raciocínio<br>humano. Uma obra spiritual de convicção é necessária — um<br>abrir do coração para o evangelho. E somente Deus, o Espírito Santo, pode<br>realizar essa obra.
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'''RESSUSCITANDO OS MORTOS'''
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'''RESSUSCITANDO OS MORTOS'''
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A terceira operação do Espírito é, sem dúvida, trazer os mortos à vida! Ninguém pode ver ou entrar no reino de Deus, se não “nascer de novo” ou nascer do Espírito (Jo 3.1-8). Paulo se regozijava nesta obra de regeneração do Espírito; ele disse: “Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, — pela graça sois salvos” (Ef 2.4-5). O propósito imediato do evangelho não é reformar as pessoas ou influenciar a sociedade. Tampouco é encher o auditório da igreja. O propósito do evangelho é comunicar vida espiritual a pecadores mortos em ofensas e pecados. Isto é algo que somente o Espírito Santo pode realizar; e Ele o faz de maneira soberana. No nível humano, talvez vejamos pouco da operação do Espírito de Deus porque não a pedimos, nem esperamos vê-la. Se o Espírito de Deus está entre nós, estejamos certos de que não impediremos a obra que Ele veio realizar. Mas, se O entristecemos com o nosso baixo nível de expectativa, Ele pode reter a sua liberalidade por algum tempo. O verdadeiro avivamento derrama “água sobre o sedento e torrentes, sobre a terra seca”. Mas isso jaz no soberano dom de Deus, e não podemos fazê-lo acontecer. Podemos realmente preparar o solo, por meio de oração e fidelidade pertinaz a Cristo. Mas, visto que os sintomas da sequidão espiritual incluem falta de oração e negligência, estamos presos em um ciclo vicioso. Talvez tenha exagerado na figura. Há exceções e lugares em que o reino de Deus está avançando de modo admirável — embora essas chamas de avivamento não sejam bem vistas por alguns, porque estão acontecendo agora, e não no século XVIII. Mas esses acontecimentos são a exceção, e não a regra. O que podemos fazer?
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A terceira operação do Espírito é, sem dúvida, trazer os mortos à<br>vida! Ninguém pode ver ou entrar no reino de Deus, se não “nascer de<br>novo” ou nascer do Espírito (Jo 3.1-8). Paulo se regozijava nesta obra de<br>regeneração do Espírito; ele disse: “Mas Deus, sendo rico em misericórdia,<br>por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós<br>mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, pela<br>graça sois salvos” (Ef 2.4-5). O propósito imediato do evangelho<br>não é reformar as pessoas ou influenciar a sociedade. Tampouco é<br>encher o auditório da igreja. O propósito do evangelho é comunicar vida<br>espiritual a pecadores mortos em ofensas e pecados. Isto é algo que somente<br>o Espírito Santo pode realizar; e Ele o faz de maneira soberana.<br>No nível humano, talvez vejamos pouco da operação do Espírito<br>de Deus porque não a pedimos, nem esperamos vê-la. Se o Espírito de<br>Deus está entre nós, estejamos certos de que não impediremos a obra<br>que Ele veio realizar. Mas, se O entristecemos com o nosso baixo nível<br>de expectativa, Ele pode reter a sua liberalidade por algum tempo. O verdadeiro<br>avivamento derrama “água sobre o sedento e torrentes, sobre a<br>terra seca”. Mas isso jaz no soberano dom de Deus, e não podemos<br>fazê-lo acontecer. Podemos realmente preparar o solo, por meio de oração e fidelidade<br>pertinaz a Cristo. Mas, visto que os sintomas da sequidão espiritual incluem<br>falta de oração e negligência, estamos presos em um ciclo vicioso.<br>Talvez tenha exagerado na figura. Há exceções e lugares em que o<br>reino de Deus está avançando de modo admirável — embora essas&nbsp;
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'''NEGLIGENCIANDO O ESPÍRITO'''<br>Existe algo que creio podemos e devemos fazer. Devemos buscar uma maior consciência experimental do Espírito Santo e um entendimento mais profundo do ensino bíblico a respeito da sua Pessoa e obra. As igrejas reformadas, em geral, estão negligenciando estes aspectos do evangelho e da vida cristã sem dúvida porque tememos o declive escorregadio dos excessos carismáticos. Mas um evangelho que não tem lugar para o Espírito de Deus não é o evangelho. Também não somos verdadeiros filhos de Deus, se não somos “guiados pelo Espírito” (Rm 8.14). Estamos negligenciando o Espírito Santo. Raramente pregamos sobre a sua Pessoa e obra. Não é feita qualquer menção a Ele em nosso evangelismo — em contraste nítido com a prática do Novo Testamento. Em meio a abundante literatura evangélica reformada, há poucos livros a respeito do Espírito Santo, em nossos dias, e menos ainda a respeito de nosso relacionamento com a terceira Pessoa do Deus triúno. O contrário é verdade no movimento carismático. As prateleiras das livrarias evangélicas gemem sob o peso desses livros! Mas, em sua maioria, não têm utilidade, porque fazem o leitor retirar a sua atenção de Cristo e agradam os desejos carnais por misticismo, emoções e “poder”.<br>  
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chamas de avivamento não sejam bem vistas por alguns, porque estão<br>acontecendo agora, e não no século XVIII. Mas esses acontecimentos<br>são a exceção, e não a regra. O que podemos fazer?
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'''EVITANDO OS PERIGOS'''
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'''NEGLIGENCIANDO O ESPÍRITO'''<br>Existe algo que creio podemos e devemos fazer. Devemos buscar<br>uma maior consciência experimental do Espírito Santo e um entendimento<br>mais profundo do ensino bíblico a respeito da sua Pessoa e obra.<br>As igrejas reformadas, em geral, estão negligenciando estes aspectos<br>do evangelho e da vida cristã — sem dúvida porque tememos o declive<br>escorregadio dos excessos carismáticos. Mas um evangelho que<br>não tem lugar para o Espírito de Deus não é o evangelho. Também não somos<br>verdadeiros filhos de Deus, se não somos “guiados pelo Espírito” (Rm 8.14).<br>Estamos negligenciando o Espírito Santo. Raramente pregamos<br>sobre a sua Pessoa e obra. Não é feita qualquer menção a Ele em nosso<br>evangelismo — em contraste nítido com a prática do Novo Testamento.<br>Em meio a abundante literatura evangélica reformada, há poucos livros a<br>respeito do Espírito Santo, em nossos dias, e menos ainda a respeito de<br>nosso relacionamento com a terceira Pessoa do Deus triúno.<br>O contrário é verdade no movimento carismático. As prateleiras das<br>livrarias evangélicas gemem sob o peso desses livros! Mas, em sua<br>maioria, não têm utilidade, porque fazem o leitor retirar a sua atenção<br>de Cristo e agradam os desejos carnais por misticismo, emoções e “poder”.<br>
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Um pouco de inquietação é compreensível. Um pastor carismático de nossa cidade descreveu sua chamada como “pregar o evangelho do Espírito Santo”. Mas é claro que o Novo Testamento desconhece esse tipo de evangelho — conhece somente o evangelho de Cristo — pois a obra do Espírito é glorificar a Cristo. Como disse Jesus: “Ele me glorificará, porque de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar” (Jo 16.14).  
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'''EVITANDO OS PERIGOS'''
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Creio que foi Charles Spurgeon quem disse: “Eu olhava para Cristo, e a pomba da paz voava ao meu coração. Olhava para a pomba, e esta ia embora novamente”. Não ousamos tirar nossos olhos de Cristo, quer para encontrarmos a salvação, quer para corrermos a carreira que nos está proposta (Hb 12.2).
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Um pouco de inquietação é compreensível. Um pastor carismático de<br>nossa cidade descreveu sua chamada como “pregar o evangelho do<br>Espírito Santo”. Mas é claro que o Novo Testamento desconhece esse<br>tipo de evangelho — conhece somente o evangelho de Cristo — pois<br>a obra do Espírito é glorificar a Cristo. Como disse Jesus: “Ele me<br>glorificará, porque há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar” (Jo 16.14).
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Mas não devemos ir ao outro extremo e ignorar o Espírito Santo, pois isto significa virar as costas ao Novo Testamento. Muitos crentes ainda estão quase na condição de Atos 19: “Nem mesmo ouvimos que existe o Espírito Santo” (v. 2).  
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Creio que foi Charles Spurgeon quem disse: “Eu olhava para Cristo,<br>e a pomba da paz voava ao meu coração. Olhava para a pomba, e esta<br>ia embora novamente”. Não ousamos tirar nossos olhos de Cristo, quer para<br>encontrarmos a salvação, quer para corrermos a carreira que nos está<br>proposta (Hb 12.2).
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Você recorda que essas palavras foram proferidas em resposta à pergunta de Paulo: “Recebestes, porventura, o Espírito Santo quando crestes?” Quantos evangelistas reformados ousam fazer essa pergunta em nossos dias? Sim, ela é tão relevante hoje como sempre o foi.<br>
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Mas não devemos ir ao outro extremo e ignorar o Espírito Santo,<br>pois isto significa virar as costas ao Novo Testamento. Muitos crentes<br>ainda estão quase na condição de Atos 19: “Nem mesmo ouvimos que<br>existe o Espírito Santo” (v. 2).
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Você recorda que essas palavras foram proferidas em resposta à pergunta<br>de Paulo: “Recebestes, porventura, o Espírito Santo quando crestes?”<br>Quantos evangelistas reformados ousam fazer essa pergunta em<br>nossos dias? Sim, ela é tão relevante hoje como sempre o foi.<br>
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Preletor na 7ª Conferência Fiel em Portugal - 2007

Muitas igrejas reformadas sofrem uma grave sequidão espiritual. No cenário atual, comparado com o de cinqüenta anos atrás, há poucas conversões a Cristo, pouca evidência de piedade pessoal e falta de entusiasmo por missões e evangelismo. O compromisso com Cristo e sua igreja está em baixa. O que podemos fazer?

Ao considerar o papel do Espírito Santo na evangelização, surgem três perguntas: 1) Precisamos do Espírito Santo na evangelização? 2) Devemos mencioná-Lo em nosso evangelismo? 3) Quais as atividades dEle na evangelização? A principal resposta à primeira destas perguntas encontra-se no começo da era evangélica. João Batista declarou: “Aquele, porém, que me enviou a batizar com água me disse: Aquele sobre quem vires descer e pousar o Espírito, esse é o que batiza com o Espírito Santo” (Jo 1.33; ver também Lc 3.16). Há duas verdades distintas aqui. Primeira, o próprio Cristo foi capacitado pelo Espírito Santo em sua proclamação do evangelho. Como Jesus descreveu o seu ministério público? Citando Isaías 61.1-2: “O Espírito do SENHOR Deus está sobre mim, porque o SENHOR me ungiu para pregar boas-novas aos quebrantados...”

CUMPRINDO A PROMESSA

Por sua vez, os discípulos foram proibidos de pregar, até que recebessem a unção do Espírito (At 1.4-5). Paulo recordou aos crentes de Tessalônica: “O nosso evangelho não chegou até vós tão-somente em palavra, mas, sobretudo, em poder, no Espírito Santo e em plena convicção” (1 Ts 1.5). Pedro resumiu o assunto quando se referiu àqueles “que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o evangelho” (1 Pe 1.12). No Novo Testamento, esta é a única maneira pela qual o evangelho pode ser verdadeiramente pregado.

A segunda verdade é que João Batista define o ministério de Cristo como a outorga do Espírito Santo sobre o seu povo. As palavras do apóstolo João não são apenas uma predição referente ao Dia de Pentecostes, são também uma afirmação poderosa sobre a missão de Cristo — “Cristo nos resgatou da maldição da lei... para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios, em Jesus Cristo, a fim de que recebêssemos, pela fé, o Espírito prometido” (Gl 3.13-14, ênfase acrescentada). Não podemos evangelizar sem o pleno envolvimento do Espírito Santo em cada etapa.

FALANDO SOBRE O ESPÍRITO SANTO
Nossa segunda pergunta é muito interessante. Devemos mencionar o Espírito Santo em nosso evangelismo? Reconhecendo que o Espírito Santo é o cerne de todo evangelismo verdadeiro, devemos fazer menção dEle quando nos dirigimos aos nãosalvos? Os incrédulos precisam ouvir sobre o Espírito Santo como parte integral da pregação do evangelho? O Novo Testamento responde “sim”. Quando Jesus se envolveu no evangelismo prático, Ele não hesitou em falar claramente sobre o Espírito Santo. Jesus disse a Nicodemos que ele tinha de “nascer... do Espírito” e ofereceu “a água viva” do Espírito Santo à mulher samaritana, no poço de Jacó, bem como às multidões reunidas na Festa dos Tabernáculos (Jo 3.5-7; 4.10; 7.37-39). Com a mesma clareza, Pedro se referiu ao Espírito Santo no Dia de Pentecostes. “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo” (At 2.38, ênfase acrescentada). E essa não foi uma “oferta limitada” que marcou o início da Nova Aliança, visto que Pedro continuou: “Para vós outros é a promessa [do Espírito], para vossos filhos e para todos os que ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor, nosso Deus, chamar”. Décadas mais tarde, Paulo expressou o interesse de que os discípulos de Éfeso entendessem que uma posse consciente do Espírito Santo é necessária, para alguém desfrutar a segurança de salvação (At 19.1-6). O Novo Testamento apresenta o Espírito Santo como Aquele que dá o poder pelo qual o evangelho tem de ser pregado e como a essência do dom do evangelho. Freqüentemente, reconhecemos a primeira dessas verdades, mas raramente apreciamos a segunda.

ESPERANDO NA OBRA DO ESPÍRITO

Nossa pergunta final é: “Quais as atividades dEle no evangelismo?” Nossa resposta é importante porque afeta profundamente nossas expectativas, quando pregamos o evangelho de Cristo. As obras do Espírito no evangelismo são três. Primeira, conforme já vimos, é dar poder à pregação do evangelho. Paulo testificou: “A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasive de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder” (1 Co 2.4). A segunda operação é convencer aqueles que estão mortos em delitos e pecados — convencê-los de que são responsáveis por seus próprios pecados, diante de Deus. O Senhor Jesus prometeu: “Quando ele [o Espírito] vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo: do pecado, porque não crêem em mim; da justiça, porque vou para o Pai, e não me vereis mais; do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado” (Jo 16.8-11).

Sem entrar nos detalhes desta passagem, é claro que mentes cegas por Satanás (2 Co 4.4) não serão abertas pela persuasão ou pelo raciocínio humano. Uma obra spiritual de convicção é necessária — um abrir do coração para o evangelho. E somente Deus, o Espírito Santo, pode realizar essa obra.

RESSUSCITANDO OS MORTOS

A terceira operação do Espírito é, sem dúvida, trazer os mortos à vida! Ninguém pode ver ou entrar no reino de Deus, se não “nascer de novo” ou nascer do Espírito (Jo 3.1-8). Paulo se regozijava nesta obra de regeneração do Espírito; ele disse: “Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, — pela graça sois salvos” (Ef 2.4-5). O propósito imediato do evangelho não é reformar as pessoas ou influenciar a sociedade. Tampouco é encher o auditório da igreja. O propósito do evangelho é comunicar vida espiritual a pecadores mortos em ofensas e pecados. Isto é algo que somente o Espírito Santo pode realizar; e Ele o faz de maneira soberana. No nível humano, talvez vejamos pouco da operação do Espírito de Deus porque não a pedimos, nem esperamos vê-la. Se o Espírito de Deus está entre nós, estejamos certos de que não impediremos a obra que Ele veio realizar. Mas, se O entristecemos com o nosso baixo nível de expectativa, Ele pode reter a sua liberalidade por algum tempo. O verdadeiro avivamento derrama “água sobre o sedento e torrentes, sobre a terra seca”. Mas isso jaz no soberano dom de Deus, e não podemos fazê-lo acontecer. Podemos realmente preparar o solo, por meio de oração e fidelidade pertinaz a Cristo. Mas, visto que os sintomas da sequidão espiritual incluem falta de oração e negligência, estamos presos em um ciclo vicioso. Talvez tenha exagerado na figura. Há exceções e lugares em que o reino de Deus está avançando de modo admirável — embora essas chamas de avivamento não sejam bem vistas por alguns, porque estão acontecendo agora, e não no século XVIII. Mas esses acontecimentos são a exceção, e não a regra. O que podemos fazer?

NEGLIGENCIANDO O ESPÍRITO
Existe algo que creio podemos e devemos fazer. Devemos buscar uma maior consciência experimental do Espírito Santo e um entendimento mais profundo do ensino bíblico a respeito da sua Pessoa e obra. As igrejas reformadas, em geral, estão negligenciando estes aspectos do evangelho e da vida cristã — sem dúvida porque tememos o declive escorregadio dos excessos carismáticos. Mas um evangelho que não tem lugar para o Espírito de Deus não é o evangelho. Também não somos verdadeiros filhos de Deus, se não somos “guiados pelo Espírito” (Rm 8.14). Estamos negligenciando o Espírito Santo. Raramente pregamos sobre a sua Pessoa e obra. Não é feita qualquer menção a Ele em nosso evangelismo — em contraste nítido com a prática do Novo Testamento. Em meio a abundante literatura evangélica reformada, há poucos livros a respeito do Espírito Santo, em nossos dias, e menos ainda a respeito de nosso relacionamento com a terceira Pessoa do Deus triúno. O contrário é verdade no movimento carismático. As prateleiras das livrarias evangélicas gemem sob o peso desses livros! Mas, em sua maioria, não têm utilidade, porque fazem o leitor retirar a sua atenção de Cristo e agradam os desejos carnais por misticismo, emoções e “poder”.

EVITANDO OS PERIGOS

Um pouco de inquietação é compreensível. Um pastor carismático de nossa cidade descreveu sua chamada como “pregar o evangelho do Espírito Santo”. Mas é claro que o Novo Testamento desconhece esse tipo de evangelho — conhece somente o evangelho de Cristo — pois a obra do Espírito é glorificar a Cristo. Como disse Jesus: “Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar” (Jo 16.14).

Creio que foi Charles Spurgeon quem disse: “Eu olhava para Cristo, e a pomba da paz voava ao meu coração. Olhava para a pomba, e esta ia embora novamente”. Não ousamos tirar nossos olhos de Cristo, quer para encontrarmos a salvação, quer para corrermos a carreira que nos está proposta (Hb 12.2).

Mas não devemos ir ao outro extremo e ignorar o Espírito Santo, pois isto significa virar as costas ao Novo Testamento. Muitos crentes ainda estão quase na condição de Atos 19: “Nem mesmo ouvimos que existe o Espírito Santo” (v. 2).

Você recorda que essas palavras foram proferidas em resposta à pergunta de Paulo: “Recebestes, porventura, o Espírito Santo quando crestes?” Quantos evangelistas reformados ousam fazer essa pergunta em nossos dias? Sim, ela é tão relevante hoje como sempre o foi.

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